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Investimentos em cenário de juros baixos

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Ao longo de sua história, o Brasil se acostumou a conviver em um ambiente de juros muito altos, principalmente, quando comparado aos países desenvolvidos, e, mesmo quando olhávamos para nossos vizinhos latino-americanos, podíamos nos considerar um ponto fora da curva. No entanto, esse cenário começou a se modificar a partir do final de 2016, quando a taxa básica de juros da economia (SELIC) entrou em trajetória de redução e saiu de 14% a.a até atingir o mínimo histórico, em março deste ano, em 6,5% a.a.

Diversos fatores podem explicar esse movimento de queda: um cenário internacional ainda favorável para as principais economias do mundo com níveis baixos de inflação e, consequentemente, convivendo com patamares de juros baixos por um tempo mais duradouro que o esperado; uma redução drástica no nível de atividade no Brasil em função da grave crise econômica, com seu impacto no aumento substancial no nível de desemprego; e, por conseguinte, uma redução da inflação doméstica. Esse novo cenário de juros é favorável para a economia do país como um todo, seja com a oferta de crédito mais barato, pois a redução das despesas financeiras traz um alívio para o orçamento das famílias e empresas, seja com um maior incentivo ao investimento em projetos que antes pareciam inviáveis devido ao alto custo de capital.

Nós brasileiros ainda temos que nos acostumar a viver em um cenário de juros mais baixos.

Investimentos de curto prazo e alta liquidez que geravam bons retornos, hoje, podem já não atender aos mesmos objetivos de antes. Em um ambiente de taxas de juros de 6,5% a.a, a poupança e o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), este último, índice que baliza os principais produtos de renda fixa no mercado, renderam 5,3% e 7,3% nos últimos 12 meses, respectivamente. Por outro lado, investimentos que possuem um horizonte de mais longo prazo, e aqueles por sua vez considerados mais arriscados, pois sofrem um maior impacto da oscilação dos mercados financeiros, apresentaram melhor desempenho. O índice IMA-B 5 , que representa uma cesta de títulos públicos federais indexados à inflação rendeu 9,7% a.a, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, rendeu 15,7% a.a no mesmo período.

Rendimento nos últimos 12 meses
Poupança 5,3%
CDI 7,3%
IMA-B5 9,7%
Ibovespa 15,7%

Essa nova realidade de juros baixos traz para os poupadores um cenário desafiador, pois os retira de uma zona de conforto, na qual as aplicações de curto prazo possuíam boa liquidez e eram remuneradas a um alto nível de juros. Se analisarmos o desempenho acumulado dos índices CDI e IMA-B 5 em uma perspectiva de mais longo prazo, como por exemplo nos últimos 10 anos, podemos observar que a diferença de rentabilidade é ainda maior, com rentabilidade 172,7% para o CDI, enquanto o IMA-B rendeu 236,6%.

Neste momento, o desafio do poupador é analisar seus investimentos com um olhar de mais longo prazo e ter uma maior tolerância ao risco. O dilema está entre aceitar alguma restrição de liquidez, eventualmente com um pouco mais de volatilidade em suas aplicações, objetivando manter um retorno compatível com suas expectativas, ou optar pelo conservadorismo das aplicações de renda fixa tradicionais e aceitar retornos mais baixos.

Marcio Faria
Diretor de Investimentos

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